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Pasto bem formado é barato. O caro é não formar direito.

Formação de pastagens - Aspectos além da escolha das sementes

Principais aspectos que devem ser considerados na formação de pastagens

A gestão de pastagens possui três grandes objetivos: Permitir que o capim expresse sua perenidade, tenha o melhor vigor de rebrota possível, além de oferecer folhas ao animal potencializando o desempenho do rebanho. Para que esses objetivos sejam alcançados o foco do manejo deve ser a estrutura da planta, sempre evitando os extremos: Pasto ‘‘PASSADO’’ e Pasto ‘‘RASPADO’’.

Quando pensamos em formação de novas pastagens logo nos vem à cabeça qual espécie forrageira implantar. No entanto, para que a formação e a utilização posterior dessa área sejam efetivas e satisfatórias temos que considerar a área de pastagem como um todo, isto é, saleiros, capim, cercas e bebedouro, sendo os três últimos fundamentais para o primeiro pastejo.

Escolha de espécie forrageira

Inúmeras vezes erros na escolha da espécie forrageira gera dificuldades posteriores de manejo, que levam à degradação da pastagem. Esses erros geralmente ocorrem devido à quantidade de forrageiras lançadas no mercado aliada à busca pelo capim milagroso por parte do produtor.

A ilusão gerada é a de que determinada espécie ou cultivar terá alta produtividade e perenidade independente das características do solo e do manejo empregado. O fato é que temos a disposição diversos materiais forrageiros de bom potencial produtivo e persistência em diferentes situações.

Portanto, devemos considerar alguns fatores para escolha da espécie forrageira: característica de solo (arenoso, encharcado, raso, dentre outros), regime de chuvas, fertilidade atual, nível tecnológico (adubações e correções serão feitas ou não), tamanho da área de pastagem, plantas invasoras e patógenos específicos.

 De posse das informações devemos confrontar com as espécies disponíveis e avaliar qual se encaixa melhor no meu sistema produtivo. Vale ressaltar de forma individual a questão da fertilidade e nível tecnológico.

A fertilidade atual, e se a mesma será elevada por meio de adubações periódicas, deve ser levada em conta devido às diferentes exigências das forrageiras. Espécies de maior potencial produtivo demandam mais nutrientes que espécies de menor potencial de crescimento.

Esta característica propicia que um capim de menor potencial produtivo produza mais que um capim de maior potencial (figuras 1 e 2) em ambiente de solo hostil (baixa fertilidade, alumínio, alagamentos, dentre outros).

Figura 1. Escadinha em ordem crescente de produtividade em de boa fertilidade.

Figura 2. Escadinha em ordem crescente de produtividade em baixa fertilidade.

Escolha da semente

Após a definição de qual espécie forrageira utilizar, é fundamental a busca por empresas idôneas no momento de realizar a cotação para compra de semente. Dessa forma, se proteger contra sementes de baixa viabilidade e contaminadas com sementes de invasoras, evitará que o investimento de tempo e dinheiro resultem em pasto malformado e cheio de pragas.

Para definir qual tipo de semente comprar, analise com seu consultor, ou com a própria empresa fornecedora das sementes, se seu maquinário e mão de obra estão aptos a realizar a distribuição uniforme das sementes, principalmente no caso de utilizar sementes puras (de alto valor cultural) onde a recomendação técnica é de poucos kg por hectare (kg/ha).

Essa medida evita má formação do pasto, que é o pior que pode acontecer nesse momento. Portanto, se for constatado que o maquinário e a mão de obra não estão aptos ou não tem a experiência necessária para espalhar de forma uniforme poucas sementes, não pense duas vezes e utilize a semente que tem recomendação de mais kg/ha ou então invista um pouco mais e trabalhe com mais sementes, mesmo das puras.

Lembrando que o mais caro na formação é um pasto não formado, principalmente quando essas áreas novas são vitais para o equilíbrio entre demanda e oferta de pasto, seja no primeiro pastejo em dezembro/janeiro livrando de veranicos, seja no período de transição quando da formação após lavoura de verão.

Pulos do gato na formação de pastagens à Pastejo inicial e estrutura da área 

Como dito anteriormente, para que o primeiro pastejo aconteça no momento correto é fundamental que três dos quatro componentes de uma área de pastagem estejam adequados. São eles o pasto, cercas e bebedouros.

Na formação o primeiro pastejo, também chamado de pastejo de desnate, é fundamental para o fechamento e o correto estabelecimento da planta, pois favorece o perfilhamento (capim vai ‘‘gramando’’). Deste modo, o capim ganha densidade, fecha o solo e evita a ascensão de plantas invasoras.

As figuras 3 e 4 demonstram a importância da relação entre altura e densidade de pasto. Nas figuras fica evidente que um lado da balança está contribuindo para a quantidade de massa de forragem (altura), porém o outro (densidade de capim) não, deixando solo descoberto para invasoras.

Figuras 3 e 4. Efeitos do primeiro pastejo tardio – pasto ‘‘passado’’.

Evidenciada a importância do primeiro pastejo, destaca-se que para que ocorra de forma uniforme na área de pastagem deve haver equilíbrio entre oferta e demanda de capim, isto é, a necessidade de colocar gado conforme a capacidade de suporte dessa nova área.

Deve-se atentar que neste primeiro ano de formação, caso correções e fertilizações tenham sido feitas no preparo do solo para o plantio, terá que operar com taxas de lotações (unidade animal por hectare ou UA/ha) maiores do que normalmente ocorrem no restante da fazenda para que a colheita do capim seja adequada.

Não raramente a taxa de lotação potencial chega em 5 UA/ha nas águas, ao passo que a média da fazenda muitas vezes está em 1 ou 1,2 UA/ha. Portanto, amigo produtor, não se assuste e colha o que seu capim está pedindo, caso contrário ele irá crescer em excesso devido ao subpastejo e ficará ‘‘passado’’.

Sempre lembrando que pastejar o pasto é diferente de ‘‘bater’’ o pasto, e que com o passar do tempo a tendência é o que o vigor inicial vá diminuindo (caso adubações e correções periódicas não sejam feitas).  

Contudo, considerando áreas e espécies de alta capacidade produtiva, operar com 5 UA/ha muitas vezes não será suficiente para se obter um pastejo uniforme devido à rebrota extremamente rápida do capim. Acontece que os animais vêm beber água e saem pastejar a porção inicial da área (perto da água). Depois voltam beber água e saem pastejar novamente, agora uma porção intermediária da área.

Dentro dessa dinâmica, passa a ter duas situações dentro da mesma área de pastagem, onde o fundo fica pouco visitado pelos animais resultando em subpastejo e em contrapartida, o início da área (perto da água) acaba sendo mais visitado pelos animais resultando em superpastejo.

Este comportamento é muito comum em fazendas do norte do MT e PA por serem regiões de alto potencial produtivo nas águas, resultando em pasto ‘‘batido’’ perto da água (no malhadouro) e pasto ‘‘passado’’ no fundo da área.

A consequência é degradação rápida da porção inicial devido ao superpastejo que gera retirada excessiva de área foliar, esgotamento de reservas da planta e redução drástica da massa de raízes e degradação a médio prazo na porção final da área de pastagem por baixo perfilhamento, isto é, baixa renovação do capim. A figura 5 ilustra esse comportamento do animal e as figuras A, B, C e D, onde A é próximo ao bebedouro, D o fundo do pasto, B porção saindo do malhadouro e C uma faixa de bom pastejo, demonstram a consequência na colheita do pasto.

Figura 5. Distribuição dos animais em área grande e com água mal localizada.

Figura A, B,C e D. Condições do pasto dentro da área de pastagem.

Nessas condições é necessário exercer taxa de lotação em torno de 4 vezes a capacidade de suporte total da área para se ter um pastejo uniforme, portanto, se a área tem capacidade de suporte de 5 UA/ha, há a necessidade de se trabalhar com 20 UA/ha. Existem duas formas de elevar esse número, aumentando o lote (UA) ou diminuindo os hectares (ha).

Na primeira situação, é preciso reduzir o período de ocupação em 4 vezes. Por exemplo, ao invés do lote de 5 UA/ha ficar 30 dias, um lote 4 vezes maior ficará 7 a 8 dias na área (muitas vezes em dois ciclos de pastejo de 3,5 a 4 dias). Nos demais dias do período, a área ficará vedada e a taxa de lotação ocorrida média do período será de 5 UA/ha.

Neste contexto, trabalhando o outro lado da equação, o famoso rotacionado, o mesmo lote de 5 UA/ha em uma área onde se tem 4 divisões, exercerá uma taxa de lotação de 20 UA/ha dentro de cada piquete. Diante disso, o problema é eliminado e com a execução do pastejo de forma uniforme semelhante a uma ‘‘colheitadeira’’, conforme a figura 6.

Figura 6. Pastejo ‘‘colheitadeira’’.

Outro investimento estrutural é a localização do bebedouro. Sempre que possível invista em bebedouros artificiais, pois permitem disponibilidade de água o ano todo e podem ser alocados de maneira centralizada na área de pastagem. Os animais pastejam de forma bastante ativa até 700 metros de distância da água.

 Caso o fundo do piquete fique mais distante o pasto irá passar nas águas, ou seja, acarretará em perda de pasto, deixando de produzir carne e, portanto, sendo menos eficiente. Muitas vezes adubações que são feitas nas áreas mais intensivas nem precisariam ser feitas se esses desperdícios fossem evitados ou mitigados.

E não adianta colocar o cocho de sal no outro extremo da área (longe da água), esta ação pode reduzir o consumo de sal em até 50%, uma vez que a prioridade do animal sempre será a água.

Portanto, na formação de uma nova área de pastagem é fundamental que se antecipe e estruture as cercas e as aguadas/bebedouros antes do plantio. Pois, infelizmente, é comum o pasto estar no ponto de pastejo e as cercas e/ou a água não estarem prontas, o que resulta em crescimento excessivo do capim com consequente perda de pasto por acamamento, ‘‘entalamento’’ e alta proporção de material morto, além de problemas como requeima de bezerros.

Msc. Edmar Pauliqui Peluso

Mestre em produção animal com ênfase em pastagens e forragicultura - UEM

Sócio diretor Gerente de pasto

cel: 44 9 9911 0915 (Tim)

Dr. Bruno Shigueo Iwamoto

Doutor em produção animal com ênfase em pastagens e forragicultura - UEM

Sócio diretor Gerente de pasto

cel: 44 9 8448 7988 (Vivo)

Msc. Josmar Almeida Jr.

Mestre em produção animal com ênfase em pastagens e forragicultura - UEM

Sócio diretor Gerente de pasto

cel: 44 9 9119 0888 (Vivo)

Equipe Gerente de Pasto











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